Software 31 Jan
O mercado de celulares no Brasil está em constante evolução, mesmo em um momento de retração nas vendas de smartphones no país. Afinal, como os institutos de pesquisa veem a participação de mercado entre as fabricantes?
Em uma entrevista recente do TudoCelular com o gerente de marketing da Xiaomi Brasil, Thiago Araripe, o executivo afirmou que a empresa começou 2023 com um market share de cerca de 12% no Brasil e fechou o ano com algo próximo a 20%, no terceiro lugar, que seria apenas 1% a menos que a Motorola – segunda colocada.
“Nós começamos o ano com um market share por volta de 12%, no terceiro lugar em smartphones no país. E nós terminamos o ano ainda em terceiro, porém com um market share de 20%. Aumentar 8% de participação de mercado em um ano é algo surreal para o nosso mercado, e a concorrência é muito forte. Sabemos que, claro, a líder do mercado é há muito tempo a Samsung, e segundo lugar é a Motorola. O que acontece é que agora nós colamos na Motorola. A gente terminou o ano com 1% a menos de market share que a Motorola. Isso mostra como a empresa vem crescendo no Brasil.”
Thiago Araripe
Gerente de marketing da Xiaomi Brasil
Mediante a esse posicionamento, a Motorola chegou a enviar uma nota que refuta os dados divulgados pela Xiaomi.
"A Motorola mantém o sólido segundo lugar em market share no Brasil desde 2014, fechando 2023 com 34,2% de participação, segundo o GFK. A Motorola está há quase 30 anos no Brasil e investiu mais de R$ 2,4 bilhões em Pesquisa & Desenvolvimento no Brasil somente nos últimos 10 anos.
Segundo a GFK, a Xiaomi fechou 2023 com 4,5% de market share. IDC e GFK são as empresas referência em inteligência de mercado para Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Tecnologia de Consumo. Os dados apurados por elas possuem metodologia conhecida e validada por todo o mercado, além de serem considerados medidores oficiais tanto em volume de vendas quanto participação de market share pela indústria de telefonia móvel."
Motorola
O que dizem os principais estudos de market share para o Brasil? Por que tantas diferenças assim nos dados de cada empresa? O Detetive TudoCelular explica a você nesta coluna.
O TudoCelular questionou a Xiaomi sobre a fonte dos dados revelados durante a entrevista. De acordo com a assessoria da empresa, a fonte consiste na empresa de pesquisa Canalys. Fomos até ela para saber o relatório completo.
De acordo com o instituto, de fato, a fabricante chinesa está no terceiro lugar do mercado brasileiro, mas a diferença é maior do que a resposta do executivo da Xiaomi Brasil. Segundo o relatório atualizado de fevereiro deste ano sobre envios e crescimento anual de 2023, a Samsung lidera com 38%, seguida por Motorola (29%), Xiaomi (15%), Apple (10%) e Transsion (2%).
Envios e crescimento anual de smartphone do Brasil |
||||
Ano completo de 2023 |
||||
Fabricante |
2023 envios (milhão) |
2023 |
2022 |
Crescimento anual |
Samsung |
13.2 |
38% |
43% |
-12% |
Motorola |
10.0 |
29% |
31% |
-6% |
Xiaomi |
5.1 |
15% |
11% |
34% |
Apple |
3.3 |
10% |
8% |
14% |
TRANSSION |
0.8 |
2% |
2% |
29% |
Outras |
2.2 |
6% |
5% |
15% |
Total |
34.6 |
100% |
100% |
-1% |
Fonte: Canalys Smartphone Analysis (sell-in shipments), Fevereiro/2024 |
Envio e crescimento anual de smartphone no Brasil |
|||||
Q4 2023 |
|||||
Fabricante |
Q4 2023 envios (milhão) |
Q4 2023 |
Q4 2022 |
Crescimento anual |
|
Samsung |
3.2 |
33% |
37% |
0% |
|
Motorola |
2.8 |
29% |
30% |
6% |
|
Xiaomi |
1.5 |
15% |
10% |
66% |
|
Apple |
1.3 |
14% |
16% |
-5% |
|
TRANSSION |
0.3 |
3% |
1% |
186% |
|
Outras |
0.6 |
6% |
5% |
39% |
|
Total |
9.7 |
100% |
100% |
12% |
|
Fonte: Canalys Smartphone Analysis (sell-in shipments), Fevereiro/2024 |
Destaque para a alta de 34% da Xiaomi ao longo do ano, enquanto Samsung caiu 12% e Motorola baixou 6%. Já a Apple subiu 14%, enquanto a Transsion viu seu market share crescer 29%.
Se considerar as vendas em unidades enviadas, a coreana acumula 13,2 milhões de aparelhos comercializados em 2023. Já a marca pertencente à Lenovo enviou 10 milhões ao longo do ano passado. A Xiaomi completa o pódio com 5,1 milhões de celulares vendidos.
Como explicou em seu posicionamento, a Motorola considera os dados da Gfk como fonte de informações. O instituto também já foi fonte de informações para a Samsung, em uma entrevista publicada no final de novembro de 2022 pela própria fabricante.
O TudoCelular solicitou os dados completos para a Gfk e aguarda o recebimento do relatório completo, para acrescentar outros dados relevantes sobre o mercado brasileiro de celulares.
Atualização (16/02/2024 - 13h15) - Este texto também era acompanhado de dados divulgados por uma nota oficial da Motorola e pelo site NeoFeed, creditados à Gfk, este segundo durante uma entrevista com a própria Motorola. Além disso, tentamos contato prévio com a Gfk para obtenção de dados mais completos, porém, por uma alteração na agência que representa a companhia entre os meses de janeiro e fevereiro sem o conhecimento do TudoCelular até então, não obtivemos resposta previamente à publicação desta coluna.
No entanto, após ver a nossa publicação, a nova representação da Gfk entrou em contato e solicitou a retirada dos dados deste texto, por serem sigilosos. Reforçamos que este espaço, além de ter tentado contato prévio com a empresa, utilizou informações apenas vindas de outras fontes, as quais as divulgaram sem a sinalização do caráter sigiloso das mesmas. Confira a nota na íntegra:
É com surpresa e indignação que a GfK recebeu a reportagem publicada pela Tudo Celular, que aborda dados de market share do setor de telefonia celular, atribuindo à empresa informações sensíveis e sigilosas.
Lamentamos profundamente não termos tido a oportunidade de sermos ouvidos pela reportagem e enfatizamos que essa falta de diligência compromete a integridade da informação veiculada.
Ressaltamos que estamos abertos ao diálogo e à transparência, e é decepcionante não ter tido a oportunidade de esclarecer qualquer equívoco potencial ou fornecer informações adicionais.
Enfatizamos que a GfK não divulga e não confirma informações de market share, que estão protegidas contratualmente com nossos clientes.
Solicitamos, portanto, a imediata exclusão dos dados GfK da reportagem em questão e esperamos que, em futuras abordagens jornalísticas, haja o compromisso de sermos consultados. Estamos à disposição para fornecer os esclarecimentos necessários e manter um diálogo construtivo.
Gfk
Essas duas fontes usadas pelas fabricantes não são as únicas que analisam o market share de venda de celulares no Brasil. Uma delas consiste na Statcounter, que já fez previsão sobre a chegada da Xiaomi ao segundo lugar neste ano de 2024.
Em números totais para 2023, a Samsung aparece na primeira colocação, com 36,9% de participação. Em segundo lugar, ficou a Apple, com 19,15%. A Motorola registrou 18,84% e figura na terceira posição. Já a Xiaomi ficou em quarto, com 15,65%. Este é o índice encontrado pelo TudoCelular com a menor diferença entre estas últimas.
Dadas as distinções nos números registrados por cada instituto, é importante ressaltar que cada um aplica uma metodologia distinta do outro, assim como popularmente já acontece no país com as pesquisas eleitorais.
A conta mais habitual geralmente consiste na venda de unidades no mercado, como fez a Canalys. No entanto, há aquelas que contabilizam os dispositivos ativos, como tende a ser o caso da Statcounter – o que explicaria a presença da LG ainda na contagem dela, visto que a marca deixou o mercado de smartphones a nível global.
Portanto, dadas as diferentes formas de coleta das informações, não é válido comparar levantamentos de empresas distintas. No lugar disso, pode-se estabelecer a relação histórica de uma mesma fonte.
E você, qual é a marca do seu celular? Acredita que o mercado brasileiro de smartphones terá uma grande mudança ao longo dos próximos anos? Interaja conosco!
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