Economia e mercado 17 Jun
Há pouco mais de dois anos, a Samsung estreou a linha Galaxy M no Brasil e no mundo, com uma proposta de fornecer especificações focadas no que o consumidor mais procura, com vendas apenas no meio digital. Ou seja, a atenção voltada ao custo-benefício.
De 2019 até agora, como os celulares desta família evoluíram para chegar nos modelos mais recentes? E o que esperar para os futuros smartphones da série? Para saber essas e outras informações, o TudoCelular entrevistou o gerente sênior de produtos da Samsung Brasil, Renato Citrini, que conta os detalhes a seguir.
Citrini iniciou a conversa explicando como surgiu a família Galaxy M, com o foco principalmente em vendas online. Ela não é vendida apenas no Brasil com exclusividade pela internet. A estratégia da Samsung tem aplicação a nível global.
“O fator que diferencia ela de qualquer outra linha nossa é que ela só é vendida no mundo online. Você não vai encontrar um produto da linha Galaxy M vendido em uma loja física. É uma família pensada especificamente para o mercado online. Não só aqui no Brasil. Globalmente, ela é assim.”
Renato Citrini
Gerente sênior de produtos da Samsung Brasil
Na sequência, o executivo detalhou que, desde a criação, a linha é pensada em consumidores acostumados com compras online. Esses indivíduos seriam mais exigentes quanto a especificações robustas e comparam com demais modelos frequentemente.
“Antes de pandemia, vimos que o mundo online cresceu muito. A gente trouxe, em 2019, os primeiros produtos da linha Galaxy M — aqui no Brasil a gente lançou o M10, M20 e M30 — olhando esse público que já está acostumado com o online. Esse é um consumidor um pouco diferente. É mais comparativo em termos de funções, busca mais no detalhe a especificação e está a um clique de uma comparação com outro produto. Ele valoriza mais essas especificações pelo dinheiro que está investindo na compra daquele modelo.”
Na continuação de como definiu o tipo de consumidor da linha M, o gerente de produtos diferenciou os focos das séries Galaxy M e Galaxy A, para evitar confusões do consumidor na hora de escolher o seu próximo celular.
Como ambas podem muitas vezes ter modelos com configurações parecidas, Renato Citrini ressaltou que a família A é pensada para entregar um design mais premium aos usuários. Por outro lado, a M dispensa o visual para priorizar as especificações.
“Ele acaba não se pegando tanto a aspectos mais como design. [Na linha Galaxy A] a gente tem também funcionalidades parecidas com a linha M, mas a gente trata o design da linha A diferente da linha M. Na traseira, o acabamento dá uma noção de profundidade, um brilho diferente, que você não tem na linha M. Nesta, o usuário é muito mais focado nas especificações do que no visual.”
Atualmente, muitas concorrentes chinesas da Samsung passaram a integrar não somente baterias gigantes, como também carregadores com maior potência. Visto que a autonomia é a principal característica da linha Galaxy M, o TudoCelular questionou se também não era a hora de trazer adaptadores de tomada mais potentes na caixa.
O executivo respondeu que, para isso, seria necessário também pensar em processadores que consigam gerenciar essa rapidez. Por isso, a Samsung prefere equilibrar esse ponto, sem incluir um carregador melhor, para manter a atenção no custo-benefício.
“Esse cara olha com muito mais cuidado o que ele está pagando por cada funcionalidade. Se a gente começa a subir muito, ‘ah, eu preciso de mais potência’. Mais potência no carregador não significa só o carregador melhor. Eu preciso mudar como esse processador vai conseguir gerenciar isso. Ou seja, preciso de um processador um pouco melhor. Então, a gente tenta equilibrar também para que a linha M atenda essa necessidade de custo-benefício do público-alvo que a gente tem.”
Ele acrescentou que a bateria também é um dos pontos de atenção dos modelos Galaxy M, bem como outras características que podem deixar o usuário na mão. Por isso, além de uma capacidade de autonomia maior, esses smartphones também vêm equipados com um tamanho de armazenamento suficiente para abrigar fotos e vídeos sem se preocupar.
“A gente vê muito isso, as nossas pesquisas mostram que as pessoas buscam uma bateria que vá durar um dia inteiro. Ninguém quer ficar sem bateria, ou ninguém quer ficar com um smartphone que não vai ter performance, de ser ágil para mudar de aplicativo de maneira rápida. E também a parte da memória interna. Principalmente no Brasil, que a gente troca mensagem de foto e vídeo no WhatsApp a toda hora, fotografa qualquer coisa. A memória interna também é muito importante. Sem esses fatores, você em algum momento fica sem o celular.”
Outro questionamento do TudoCelular foi em relação à interface personalizada “capada” presente nos celulares da linha M, a chamada One UI Core. Para a versão 3.1 mais recente, foi possível observar a inclusão de algumas funções que eram encontradas apenas na edição completa, como a Tela Edge.
No entanto, outras, como a calibração de cores, ainda estão de fora. Perguntado se a intenção é unificar a experiência no futuro, o gerente de produtos explicou que isso tem sido trabalhado pela Samsung, para reduzir as diferenças de funcionalidades entre as variantes do sistema da marca.
“O que a gente tem da One UI para a Core são algumas diferenças, algumas características não estão presentes. Se a gente voltar para os primeiros M10, M20 e M30, algumas funcionalidades que eram muito focadas para o B2B, controle e gerenciamento de equipamentos por um gerente de uma frota de smartphones que está no campo, isso também não tinha. A gente vai pegando essa experiência, a família vai ganhando corpo, novos adeptos e utilizações, e a gente vai, sim, diminuindo as diferenças entre as funções da linha A para a linha M.”
Contudo, apesar de confessar a gradual adaptação, não quis prometer quais outros recursos da One UI original chegariam à versão Core no futuro.
“Não dá para prometer como vai ser no próximo semestre ou ano, mas a gente olha muito isso e tenta diminuir essas diferenças que você tem na One UI completa para a One UI Core.”
Um dos destaques do produto mais recente da série M lançado no Brasil, o Galaxy M12, é a tela de 90 Hz. Sobre o assunto, Citrini mencionou a crescente do público gamer em smartphones e as exigências dele para melhorar a experiência de jogo, mesmo em modelos mais básicos.
“[A tela com maior taxa de atualização] é uma tendência, primeiro pelo conforto, você tem uma tela que faz transições mais suaves, troca de aplicativos ou rola redes sociais com mais suavidade. Mas tem um público também muito importante que é ligado nisso, que é o público gamer. Então, já traz não só no portfólio da linha M, mas incluindo o da linha A, telas maiores com essa maior capacidade de taxa de atualização, para trazer essa experiência do jogo ainda mais interessante.”
Problema enfrentado a nível global pelas empresas no mercado de tecnologia, não somente no segmento de celulares, a escassez de componentes foi impulsionada após a pandemia do novo coronavírus.
No entanto, esse problema parece não ter grandes impactos na Samsung Brasil. A empresa segue com suas duas fábricas no Brasil e tem um contato próximo com a matriz, para antecipar alguma mudança de foco na cadeia produtiva, como informou Citrini.
“Uma vantagem nossa é ter as duas fábricas aqui no Brasil. A gente tem uma em Campinas e uma em Manaus. Isso nos ajuda na hora de mitigar essas questões. É sabido que tem questões com processadores, e não só no mundo de smartphones. No de notebook, automóveis, consoles de videogame. É uma situação global. Mas até por essa nossa presença não só no Brasil, mas global, isso faz com que a gente consiga equilibrar melhor as demandas. A hora que a gente precisa de um produto ou de um determinado modelo, a gente levanta a mão para a matriz e fala assim: ‘olha, a gente precisa focar um pouco mais aqui. Traz mais insumos para fazer esse produto’. Isso dá uma liberdade para a Samsung Brasil muito maior até do que outros países que trabalham só com produtos importados, fábricas localizadas em outros lugares. A gente tem toda a capacidade de mitigar essas questões de falta de algum tipo de suprimento e atender as demandas.”
Ao fazer uma relação da pandemia com o mercado de celulares atual, Citrini contou que a proposta da família Galaxy M, de vendas online, ficou ainda mais destacada após o momento sanitário global, devido ao aumento de volume de compras virtuais.
“A pandemia destacou ainda mais a família M. As pessoas começaram a olhar com mais carinho e a fazer mais compras pela internet. E a pandemia fez com que elas se acostumassem a comprar equipamentos e outras coisas que não estavam habituadas. Smartphones, claro, aumentou muito a procura e a venda, e isso favoreceu muito a linha M.”
Ele não divulgou os detalhes dos números no comparativo com a linha A, porém completou que, apesar de ser considerada um sucesso no mercado, a série M ainda não chegou à presença da outra focada em design.
“A gente tem todos os números, mas temos uma política de não divulgar números. São poucos que podemos divulgar. Mas é claro que, se eu tenho uma linha que está presente só no online, e tenho a linha A que está presente no online e no offline, a linha A tem mais presença e volume naturalmente. Mas a linha M, desde 2019 sendo vendida no Brasil, não dá para dizer que não é um sucesso, tanto que a gente está mantendo. Então, a gente tem uma linha que foi muito bem aceita pelos consumidores no Brasil.”
E o que esperar para o futuro do Galaxy M? Bom, o Citrini não entregou quais serão os próximos lançamentos da Samsung ao mercado brasileiro, mas indicou que teremos mais modelos com o final “2” na nomenclatura.
O primeiro, lançado no começo de junho, foi o Galaxy M12. Mas é importante ressaltar que o Galaxy M32 e o M62 já foram homologados na Anatel, ou seja, podem ser lançados a qualquer momento no mercado nacional.
“Para o futuro, a gente não pode falar muito aqui. Mas, quem conhece um pouquinho, vamos falar de história. A gente trouxe M10, M20 e M30. Depois, vieram M21s, M31, M51, finais ‘1’. Começou com final ‘0’ e, no ano passado, finais ‘1’. E aí, opa, este ano já apareceu o primeiro com final ‘2’. Se alguém procurar lá fora, a gente já tem outros modelos lançados. Aqui no Brasil, por enquanto, o M12 seria o primeiro lançamento da linha este ano. Eu acho que tem uma chance bem interessante de a gente fazer com que essa família tenha mais penetração e conhecimento no Brasil com esse novo modelo.”
Um outro modelo disponível fora do país é o Galaxy M42 5G, o primeiro da linha a ter suporte à rede de quinta geração. Não tivemos confirmação da vinda dele ao solo brasileiro, mas o executivo não descartou que, nos próximos meses, teremos modelos da série M com 5G por aqui.
“O 5G a gente olha com muito carinho no Brasil também. As operadoras já estão trabalhando com 5G DSS. A cobertura ainda está restrita a alguns bairros, algumas cidades. Mas estamos bem perto de ter um leilão da Anatel com as novas frequências. Muito provavelmente, o segundo semestre vai trazer novidades em relação ao 5G, aumento de cobertura. E a gente vem trabalhando junto com as operadoras para suprir essas demandas. Já vai crescer a cobertura 5G, vai aumentar a demanda, é claro que a gente vai estudar — e a linha M não está fora desse estudo — para encaixar produtos 5G para essa família.”
O que garantiu o gerente sênior de produtos é a continuidade de colocar as especificações mais robustas e os preços competitivos como prioridades para os futuros dispositivos Galaxy M.
“O maior destaque da linha M é a bateria, não só a capacidade em si. Mas é muito: como é que eu trabalho essa duração? A capacidade é o tamanho do tanque de combustível do carro. Se o motor não for bom, vai gastar muita gasolina. Se o processador não for bom, vai gastar muita bateria. Essa otimização entre processador e bateria é o que vai dar essa autonomia que o usuário quer, de a bateria durar pelo menos um dia, um dia e meio. O que a gente pode dizer para os produtos vindouros é que vai continuar com essa pegada de produtos que têm especificações mais robustas, a preços desde o de entrada até intermediários. Mas eu acho que a gente tem um momento muito positivo para a linha M no Brasil, já incluindo os que estão sendo vendidos atualmente.”
Renato Citrini encerrou a entrevista com uma mensagem aos nossos leitores. Ele reforçou a existência de espaços como o Samsung Members e a Samsung Newsroom, nos quais a empresa pode interagir diretamente com os consumidores, bem como os próprios usuários entre si.
“A linha M, a gente sabe que é uma das que tem mais sucesso entre os leitores do TudoCelular. O que a gente deixa aqui, é claro que as pessoas vão continuar buscando as informações no TudoCelular, para que as pessoas tenham essas informações da maneira mais rápida possível. E além do TudoCelular, se as pessoas quiserem conhecer e discutir um pouco dos nossos produtos, a gente tem a nossa rede social, que é o Samsung Members. Como se fosse um aplicativo que tem no smartphone, e aí você tem lá milhões de pessoas que estão discutindo nossos produtos e nossos lançamentos. Pode tirar dúvidas, tem tutoriais e um monte de coisa ali dentro. E também tem a Newsroom, que é a nossa página oficial dos comunicados, das notícias, das nossas publicações, de tudo o que a gente lançou. Então, sempre o que está ali naquele site é a voz da Samsung. É onde as pessoas podem encontrar em primeira mão as nossas informações e comunicações.”
Qual é a sua avaliação sobre a linha de celulares Galaxy M e a evolução dela ao longo dos últimos anos? Interaja conosco!
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