Android 02 Jun
As manifestações nos Estados Unidos estão ganhando proporções cada vez maiores e muitos locais, como as lojas da Apple, estão se fechando em prol da segurança de seus funcionários, visto que muitos vândalos se misturam aos manifestantes para depredar e saquear estabelecimentos. Visando garantir maior segurança, a polícia americana admitiu hoje que está utilizando um método de rastreamento.
O rastreamento em questão é o desenvolvido pela Apple e o Google, que utiliza os celulares para identificar quando duas pessoas estão próximas uma da outra, chamado Rastreamento de Contato e foi criado originalmente para monitorar infectados pelo coronavírus sem identificar o usuário diretamente.
A polícia americana diz que o uso desse rastreio pode ajudar muito em investigações sobre crimes que podem ocorrer durante as manifestações, entretanto, há um grande problema nesse uso: a quebra da confiança.
Portanto, a grande preocupação com o anúncio, que foi feito no final de semana por John Harrington, que é comissário de segurança pública de Minnesota, é afirmar o uso da ferramenta nas investigações, veja o vídeo em inglês publicado pela NBC News:
Minnesota Public Safety Commissioner John Harrington says they've begun contact tracing arrestees.
— NBC News (@NBCNews) May 30, 2020
"Who are they associated with? What platforms are they advocating for? ... Is this organized crime? ... We are in the process right now of building that information network." pic.twitter.com/U0KNIVHnf6
No vídeo, Harrington questiona sobre quem são essas pessoas e se eles fazem parte do crime organizado. Ele também admite que o rastreamento de contato está sendo utilizado para identificar e prender manifestantes.
O grande problema é que o rastreamento de contato precisa de autorização dos usuários para funcionar em seus aparelhos e medidas envolvendo investigações utilizando-o podem fazer com que as pessoas temam pela violação da sua privacidade, um dos pilares do método.
David Harvey, que é diretor de uma das convenções do rastreamento de contato nos EUA alertou para o uso diferenciado da plataforma:
Qualquer coisa que interfira no sistema de saúde pública com o qual tentamos promover a confiança é prejudicial, principalmente quando você olha como a COVID-19 está impactando comunidades negras.
Logo, esse uso pode dificultar muito o uso do rastreamento para contenção do coronavírus nos Estados Unidos e no mundo todo. No total, já são mais de 1,8 milhão de americanos infectados e mais de 107 mil mortes causadas pelo COVID-19 e a situação pode ficar ainda pior com a distorção que essa situação pode causar sobre a ferramenta que levou meses para ser criada para evitar a transmissão do coronavírus.
Por fim, a Comissão de Segurança Pública de Minnesota foi questionada a respeito do rastreamento e negou que esteja utilizando qualquer tecnologia nova para prender ou deter manifestantes, mas de qualquer forma, como o secretário da comissão de segurança admitiu o uso do rastreamento de contato e ainda que pessoas estão sendo detidas pelo uso dele, o estrago já está feito.
Resta esperar que a ferramenta não seja utilizada para sufocar os protestos não violentos, pois isso poderia causar ainda mais violência e acabar com o pouco de credibilidade que o rastreamento de contato ainda tem.
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