Economia e mercado 17 Mai
A já conflituosa relação entre Huawei e Estados Unidos ganha um novo e contundente capítulo. De acordo com a agência Reuters, que recebeu a informação de uma fonte bem informada que atua dentro da gigante de tecnologia norteamericana, o Google suspendeu as operações comerciais com a fabricante chinesa, e a mudança tem efeito imediato.
Na prática, a partir de agora, smartphones da companhia perderão imediatamente o acesso a atualizações do sistema operacional Android, e a próxima versão de dispositivos utilizados fora do território chinês não terão acesso a aplicativos e serviços populares do Google, como Play Store e Gmail, por exemplo.
Essa mudança afeta uma série de dispositivos lançados pela marca, inclusive os recentes Huawei P30 Lite e Huawei P30 Pro, que tiveram as vendas iniciadas em território nacional nessa semana. Outros aparelhos, como o Huawei Mate 20 Pro e demais variantes também perderão as atualizações de segurança.
O movimento da gigante norteamericana vem depois do anúncio do departamento de comércio dos EUA, que na última quarta-feira colocou a fabricante chinesa numa 'lista negra' de negócios com outras 68 companhias, seguindo uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump.
A ZTE, com quem o país mantém relações turbulentas, já esteve nessa lista e foi removida posteriormente. Com esse embargo, a Huawei está proibida de comprar peças e componentes de empresas dos Estados Unidos sem a aprovação do governo federal, e isso inclui o sistema Android.
A Huawei respondeu o governo Trump após o anúncio:
A Huawei é a líder indiscutível em 5G. Estamos prontos e dispostos para debater com o governo dos EUA e propor medidas efetivas para garantir a segurança do produto. Restringir a Huawei de fazer negócios nos EUA não tornará os EUA mais seguros ou mais fortes; em vez disso, servirá apenas para limitar os EUA a alternativas inferiores e mais caras, deixando o país atrasado na implantação do 5G e, eventualmente, prejudicando os interesses das empresas e consumidores americanos. Além disso, restrições sem razão infringirão os direitos da Huawei e levantarão outras sérias questões legais.
Ainda é cedo para uma análise aprofundada dos efeitos dessa restrição, mas inegavelmente afeta os planos da empresa chinesa de chegar ao topo do ranking de maiores fabricantes de smartphones do mundo. A empresa hoje duela com a Apple pelo segundo lugar - a liderança é da sul-coreana Samsung - e a proibição de utilizar o sistema do Google com certeza afetará negócios da companhia, ainda mais em um momento onde ela se voltava para expansão global, com o retorno das operações no Brasil e em outros mercados.
Vale destacar que a empresa já disse em outras ocasiões estar preparada para enfrentar situações do tipo. A HiSilicon, sua divisão de chips, afirmou que está pronta para qualquer proibição, enquanto a divisão de smartphones já disse que se prepara há seis anos ou mais para qualquer embargo vindo do Android.
A Honor, subsidiária da Huawei, tem evento marcado para o dia 21 de maio (terça-feira), quando lançará o Honor 20. Ainda não há informações se o evento será mantido ou adiado.
Em comunicado enviado à imprensa, a Huawei Brasil comentou os fatos, destacando sua longa parceria com o Android e seu legado de contribuições para o sistema operacional do Google:
A Huawei tem feito contribuições substanciais para o desenvolvimento e crescimento do Android em todo o mundo. Como um dos principais parceiros globais do Android, trabalhamos de perto com a plataforma de código aberto para desenvolver um ecossistema que tem beneficiado tanto usuários quanto o setor. A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda para todos os produtos Huawei, cobrindo todos aqueles que já foram vendidos ou ainda estão em estoque. Continuaremos empenhados em construir um ecossistema de software seguro e sustentável, a fim de fornecer a melhor experiência para todos os nossos usuários globalmente."
Huawei, em comunicado à imprensa
Huawei e Estados Unidos duelam há bastante tempo. A marca chinesa foi acusada de espionagem pelo governo Trump, que diz que seus equipamentos 5G oferecem portas para a vigilância da administração chinesa, comandada pelo partido comunista, e alertou diversos países - inclusive o Brasil - e alguns já baniram a empresa de operar, como Austrália, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Noruega. A gigante chinesa de tecnologia sempre nega as acusações.
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