Tech 12 Abr
Na última sexta-feira, o jornalista Jason Schreier publicou uma extensa matéria sobre os bastidores da Sony e como a publisher tem dado preferência para estúdios e franquias de renome e sucesso, em prol da limitação criativa e técnica de jogos e estúdios menores.
O artigo, além de revelar a produção de um remake para The Last of Us e uma sequência da franquia Uncharted, também aborda a saída de diversos profissionais que trabalhavam para a Sony, como resultado dessa limitação criativa e técnica. Dentre eles, está Jeff Ross, codiretor de Days Gone, que fez duras críticas à Sony em uma recente entrevista.
Atualmente trabalhando com a NeatherRealm Studios (Mortal Kombat, Injustice), Ross viveu toda a sua carreira na Bend Studios, onde teve a chance de dirigir Days Gone, mas após a Sony ter recusado produzir uma sequência para o jogo dirigido por ele, Ross decidiu que era a hora de buscar novos horizontes.
Em uma recente entrevista com David Jaffe, criador de God of War, Ross explicou o motivo da Sony ter recusado produzir a sequência de Days Gone e como isso se reflete na posição da empresa no mercado de jogos.
De acordo com ele, o primeiro Days Gone custou muito mais do que previa o orçamento inicial e uma sequência custaria ainda mais para ser produzida, já que a equipe cresceu e o estúdio iria implementar um modo multiplayer online para o título. Além disso, para um investimento dessa magnitude, a Sony precisa da garantia de vendas de um determinado número de unidades, algo que não aconteceu no primeiro jogo.
O diretor alfineta ao dizer que a Sony precisa decidir com inteligência quais projetos irão entrar em produção, pois não possui tanto dinheiro quanto a Microsoft.
Precisa haver confiança no retorno do investimento em jogos onde é necessário vender 4 ou 5 milhões de cópias, uma vez que a Sony não tem o dinheiro que a Microsoft tem e precisa usar seus recursos de forma muito inteligente e permanecer focada num catálogo diversificado.
Ross reforça que essa tomada de decisões se reflete na escolha de produtos que dão mais segurança de sucesso financeiro, fazendo com que estúdios menores sejam limitados.
Mesmo comparando a Sony à Microsoft, Ross explica que isso é um problema da empresa e tenta apaziguar o ânimo dos fãs.
Para a Sony, cada geração é sobre sobrevivência. Nunca tiveram um capital enorme, eles precisam ser inteligentes. Acredito que os fãs precisam entender isso antes de começar a insultar alguém da Sony.
O diretor diz que por mais que jogos pequenos também gerem identificação pela marca, a Sony dá muita liberdade criativa para jogos de alto orçamento e são eles é quem realmente atraem novos consumidores para a empresa. Sendo assim, cada jogo é uma espécie de aposta e a sequência depende do sucesso.
Se hoje em dia eles podem financiar apenas um número limitado de jogos, eu entendo isso. Infelizmente, a Sony fez o nome dela nos últimos 10 anos com esses jogos cinematográficos single player, que são emocionalmente cativantes e que fazem muito dinheiro, mas não geram o mesmo lucro de um Fortnite, fazendo com que eles fiquem limitados e tenham que ser cuidadosos com suas decisões.
Por mais que o PlayStation venda muito bem e inclusive tenha vendas mais expressivas que o Xbox no Japão, a Microsoft conta com uma vasta gama de fontes de recursos, além de sua divisão de games ter se fortificado grandemente nos últimos anos por conta do Game Pass.
O sucesso da concorrente inclusive tem motivado a Sony a preparar uma resposta para o Game Pass, mas será que isso será o suficiente para mudar o jogo e permitir que a empresa tenha capital o suficiente para apostar em ideias mais arriscadas?
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