
Tech 25 Abr
19 de abril de 2021 0
O início da pandemia de coronavírus foi marcado pela chocante taxa de mortes entre a população idosa ao redor do mundo, além dos portadores de síndromes agravantes, como asma, diabetes e hipertensão, não demorando para que o termo "grupo de risco" fosse cunhado e seu perfil fosse traçado.
Entretanto, dados recentes apontam um aumento preocupante no número de casos entre a população abaixo dos 40 anos, levando epidemiologistas a acreditar que a ideia de fatores de risco é ilusória no atual cenário.
Segundo a análise da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), apenas 7% dos pacientes internados em UTIs eram idosos acima de 80 anos, representando uma queda de 42% em relação aos meses anteriores, enquanto uma alarmante percentagem de internações dos mais jovens vem crescendo. Raquel Stucchi, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia aponta:
Em termos de adoecimento, não existe mais grupo de risco. Hoje vemos um maior número de pessoas abaixo de 60, [principalmente] de 50 anos, sendo internadas. Isso ocorre muito por causa da exposição maior, quer seja para trabalho, quer seja nas reuniões e encontros.
Teoriza-se inicialmente que o aumento pode ser atribuído ao surgimento de variantes perigosas que causam complicações mais severas ao corpo. Citando uma entre várias outras, a variante brasileira detectada no Amazonas propulsionou um aumento exorbitante no número de quadros graves da covid-19 no país, especialmente em indivíduos alheios à faixa etária considerada de maior risco.
O surgimento das cepas coincide com a vacinação prioritária para os idosos, tal que poderia explicar o fato de que pessoas na faixa dos 50 anos de idade vêm desenvolvendo infecções agravadas. Essa faixa, por se tratar de indivíduos que precisam se deslocar para o trabalho, se tornou mais propensa a quadros infecciosos mais graves, conforme aponta Stucchi.
Outro fator que pode explicar esse fenômeno é o comportamento de alguns jovens durante a pandemia. Rosana Ritchmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas, comenta que o descumprimento das recomendações restritivas de isolamento da Organização Mundial de Saúde, aliada à necessidade de deslocamento para trabalho, pode responder ao fato de que, atualmente, pelo menos 52% das internações nas UTIs foram de pessoas com até 40 anos nos últimos meses.
A variante pode ter sido um fator, mas quem está em contato com outras pessoas? Quem está no transporte público? Quem está trabalhando? Quem está indo para festas clandestinas? O jovem.
A seguir, é recomendado que a vacinação em idosos seja completada quanto antes, para que então seja pensado e estrategicamente planejado um programa de imunização de jovens, conforme explica Ethel Maciel, epidemiologista e professora da UFES. A especialista aponta que os mais jovens estão sendo submetidos a procedimentos emergenciais mesmo sem apresentar comorbidades.
Precisamos finalizar a vacinação dos idosos e aí começaremos a vacinar o grupo mais jovem. Já vacinamos profissionais da saúde de todas as idades. Também vamos começar a vacinar pessoas com comorbidades a partir dos 18 anos, profissionais da educação, força de segurança, trabalhadores essenciais. A população mais jovem entrará nesses novos grupos.
Isso não quer dizer, entretanto, que os idosos se encontram fora de perigo, dado que a taxa de mortalidade ainda conta com o predomínio de pessoas acima dos 60 anos que ainda não foram vacinados ou não tomaram a segunda dose.
Apesar de sermos, atualmente, o terceiro país com maior número de casos e segundo em número de mortes, outros países se encontram com estatísticas semelhantes em relação à mortalidade de cidadãos mais jovens. Nos Estados Unidos, após o surgimento da variante do Reino Unido, os casos de covid-19 em pessoas entre 18 e 64 anos aumentaram rapidamente enquanto a população acima de 65 anos desocupa os leitos de terapia intensiva de forma gradual.
Semelhante ao Brasil, adolescentes e jovens adultos estavam entre o grupo de menor prioridade para a imunização. O CNBC aponta práticas como o desrespeito às normas e à obrigatoriedade do uso de máscaras como iguais fatores de risco. Em contrapartida, nenhuma das mutações deve ter um impacto significante na saúde de crianças em idade escolar, conforme prevê o Dr. Stephen Schrantz, da Universidade de Medicina em Chicago.
Embora o vírus esteja evoluindo, não acredito que as mutações na proteína do pico tenham uma virulência aumentada nas crianças porque seus corpos, e mais especificamente seus sistemas imunológicos, apenas reagem menos severamente ao vírus. Em outras palavras, acho que o hospedeiro é a variável mais importante em comparação com as mudanças no vírus.
Os especialistas também reforçam que o aumento de casos graves em pessoas mais jovens não configura, necessariamente, um maior risco de morte. "Mesmo vendo um número maior de jovens com a covid-19 grave, isso não significa que eles têm um risco maior de morrer do que um doente renal crônico, por exemplo", cita Richtmann. Todavia, todos os profissionais recomendam que, independente do perfil, o indivíduo siga as recomendações de proteção, porquanto são as medidas mais eficazes contra a doença.
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